O Professor Explica #73 Exercício Físico e doença oncológica
Hoje a Eduarda trouxe-nos um tema muito importante: exercício físico e doença oncológica. Conhecem alguém que já tenha passado por esta doença? Querem saber qual a relação entre o cancro e a atividade física?
Durante vários anos, a recomendação para os pacientes com cancro limitava-se ao repouso e a evitar o esforço físico. E, mesmo atualmente, existe ainda uma barreira que limita muitas pessoas a usar o exercício físico como força de recuperar e a melhorar o estilo de vida. Estas recomendações tinham uma base empírica, visto que a doença e o tratamento estavam associados a alterações funcionais que promoviam uma diminuição da performance física e que, de certa forma o exercício poderia gravar determinados sintomas como a fadiga ou a dor.
A fadiga em doentes oncológicos pode ser entendida como um estado subjetivo de fadiga relacionada com o tratamento do cancro que por sua vez interfere nas tarefas do dia-a-dia. Este estado distingue-se de uma fadiga normal por ser excessiva, constante e persistente ao longo do dia e não responde ao descanso.
Atualmente alguns estudos científicos já se questionam de forma significativa os preconceitos existentes sobre a relação entre o exercício físico e a fadiga relacionada com o cancro. Através do exercício físico, pretende-se oferecer uma estratégia que colima atenuar a fadiga associada a este problema e proporcionar uma melhoria da qualidade de vida, durante e após a fase de tratamentos.
Os estudos recentes mostram que o exercício moderado pode atuar como auxiliar terapêutico durante as fases de quimioterapia ou de radioterapia, com efeitos bastantes benéficos na ajuda do tratamento. O exercício demonstra-se como potenciador da função aeróbia/muscular e da qualidade de vida do doente. O exercício físico atua como uma forma não farmacológica na diminuição da sensação de fadiga e dor.
O exercício físico, durante os tratamentos vai ter um efeito positivo no sistema cardiovascular, reduzindo a cardiotoxicidade do tratamento de quimioterapia e ao prevenir a atrofia cardíaca por acamamento. Além desta, melhora o sistema de transporte de oxigénio, através da estimulação da eritropoietina e assim prevenir estados de anemia.
De outra forma, após a finalização de tratamentos e, por vezes, após a retirada de órgãos, o nosso corpo tem uma diminuição de massa magra que pode resultar em algumas lesões ou mau estar ao longo do nosso quotidiano. Aí entra o exercício físico para nos ajudar a melhorar a capacidade de movimento, de contração muscular e aumentar os níveis de força, muitas vezes reduzidos durante fase de tratamentos.
A prescrição de exercício físico tem de ser realizada com base no historial clinico de cada doente e após a autorização do medico oncologista para a realização deste. O exercício deve ser prescrito na base da frequência, intensidade, duração e tipo de exercícios adequados as alterações funcionais e estruturais de cada pessoa.
Especificando aqui alguns casos como estados de anemia, linfedema, esvaziamento axilar (cancro da mama), cancro da mama metastático ou neutropenia é necessário realçar que o exercício deve obedecer a critérios bastantes específicos na sua operacionalização. Por isso, devemos privilegiar o exercício prescrito e acompanhado sempre através de equipas multidisciplinares para que tenhamos um auxílio de tratamento e uma melhoria de qualidade de vida em todos os segmentos.
Como nota, quero realçar que este tema surgiu após uma nova aluna que me tem inspirado e até mesmo mostrado como a vida é bonita. Após vencer um cancro e tratamento tão difícil, hoje sorri para a vida e procurou-me (graças à Regina) para a ajudar a melhorar o seu estilo de vida e a se tornar mais forte todos os dias!
Portanto podemos concluir que exercício físico e doença oncológica podem funcionar muito bem. E nunca se esqueçam que “É melhor, esquecer e sorrir do que lembrar e ficar triste”.
ate já,