O Professor Explica #69 A importância do exercício físico após AVC

Hoje a Eduarda Silva traz-nos um tema muito importante… Já sofreram de AVC? Conhecem alguém que tenha já sofrido de AVC? Hoje o tema é a importância do exercício físico após AVC.

“Olá atletas, hoje o tema tem tudo a ver com um pedaço da minha história de vida e como esta área me ajuda diariamente após ter um AVC (Acidente vascular cerebral). Achei por bem contar-vos primeiro a minha história e depois explicar como o exercício pode ser um aliado.

Tudo começou ainda estava eu a estudar, no final do primeiro semestre da minha licenciatura em Desporto, comecei a ter dores de cabeça bastantes fortes e inconstantes, na altura não dava importância, tinha sido um ano complicado e época de exames era a cereja no topo do bolo para andar mais cansada e com dores mais frequentes (achava eu).

Num fim-de-semana entre muitos que vinha a casa, as dores aumentaram e do nada comecei a ter a minha visão turba, mesmo assim decidi deitar-me e descansar, após algumas horas de sono acordei e a minha visão tinha desaparecido. Foi só das sensações mais horríveis que podia ter, e não deixei avançar e fui direta ao hospital, onde me deram alta para ir para casa e apresentar-me no dia seguinte a outro hospital, pois diziam que poderia ser oftalmologia.

No dia seguinte fiz o que me disseram e entrei direta na oftalmologia, o que não deu em nada e partimos para uma ressonância magnética, e ali a minha vida parou e deu uma grande volta. A médica chamou-me juntamente com a minha mãe, e explicou-me o que tinha acontecido e como isso iria fazer-me ficar ali internada durante uma semana. Posso dizer que foi uma semana terrível e não recomendo a ninguém, mas aos poucos conseguimos resolver o problema e a minha visão voltou.

Chega então a recuperação, sendo eu estudante de desporto o meu médico não me quis deixar continuar com a minha vida ativa, sendo eu estudante da área, fazia ginásio 5 dias por semana e ainda jogava voleibol. Para mim foi uma bomba relógio e apesar de abdicar de uma das maiores paixões da minha vida não abdiquei do meu sonho e estou aqui hoje para poder trabalhar no que gosto, mesmo com todos os cuidados, recaídas e medicamentos que me acompanham.

Por isso achei este tema tão oportuno, porque apesar da minha idade é cada vez mais comum este tipo de problemas em jovens e em pessoas ativas. Antes de continuar quero explicar que um AVC é a sigla que define um Acidente Vascular Cerebral, e ocorre quando um coágulo se aloja num vaso sanguíneo cerebral e advém na lesão de células cerebrais. As células cerebrais são afetadas pela ausência de oxigénio e de nutrientes (devido ao bloqueio do fluxo de sangue – AVC isquémico, ou inundadas após a rutura de uma artéria – AVC hemorrágico). 

Em relação ao exercício, é fundamental que o médico que o siga após o incidente saiba e autorize o início da prática desportiva, assim como deve mencionar que teve o problema ao profissional de exercício.

É importante conferir regularmente todos os fatores que ampliam o risco de AVC, tais como a pressão arterial e o colesterol, mantendo hábitos alimentares saudáveis e a prática desportiva.

As pessoas que sofreram um AVC devem, por si próprias, e o mais cedo possível, procurar autonomia e serem parte ativa do seu processo de recuperação.  Neste processo a prática de atividade física é fundamental para todos estes ganhos e conquistas. Na recuperação após um AVC é importante a realização de exercícios acessíveis que visem readquirir a mobilidade articular e tónus muscular. 

Não podemos aguardar que o movimento seja executado de forma completa à primeira tentativa, a mobilização deve ser cuidadosa e progressiva, mas deve ser repetida de forma a alcançar melhoria dos resultados.

São, por isso, essenciais movimentos dos membros superiores mesmo com uma ajuda exterior. Os movimentos pélvicos e de trabalho de CORE são muito importantes pois visam ajudar no equilíbrio e evitar as quedas (comuns nesta fase devido às dificuldades de mobilidade e estabilidade muscular).

Nos membros inferiores devemos realizar movimentos acessíveis de extensão e flexão tanto ao nível da coxa como da perna para progredir na recuperação ao nível do equilíbrio vertical e a famosa caminhada (algo básico para o nosso dia-a-dia).

É normal que as execuções destes movimentos provoquem dor e fadiga, mas é necessário contrariar a imobilização das articulações e perda de autonomia.

Na realização destes exercícios é muito vantajoso que seja acompanhado e aconselhado por um PT. Este acompanhamento permite a correta análise das cadeias musculares e zonas articulares mais enfraquecidas, ou com mais complicações de mobilidade, o que consente um trabalho mais direcionado e concludentemente traduz-se em melhores resultados num inferior espaço de tempo. Logo mais rápida e eficiente será a recuperação, sendo mais motivadora e com menor risco de lesão.

Espero que o meu caso, venha ajudar e esclarecer dúvidas das pessoas que passaram por algo assim ou conheçam alguém que passou, estarei disponível para dúvidas,

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ate já,
Eduarda Silva”

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